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IA própria é aposta do Brasil

Em termos de uso dessas tecnologias, nos serviços públicos a presença da IA já se faz sentir em diversas frentes. Na Receita Federal, testes com sistemas inteligentes auxiliam na análise e julgamento de processos administrativos fiscais, encurtando prazos e liberando servidores para tarefas mais complexas. O Itamaraty prepara um chatbot multilíngue para agilizar o atendimento nos consulados, reduzindo filas e permitindo que brasileiros no exterior resolvam demandas sem deslocamentos desnecessários. No Ministério da Educação, algoritmos acompanham a trajetória de estudantes e egressos da rede federal, identificando sinais de evasão e apoiando ações preventivas. O Ministério do Trabalho e Emprego conecta automaticamente vagas registradas no Sine a perfis compatíveis, facilitando contratações e aumentando a eficiência do mercado de trabalho. Na saúde, hospitais federais empregam sistemas de análise por imagem que aceleram diagnósticos e aumentam a precisão de exames, enquanto o Bolsa Família utiliza IA para detectar inconsistências nos cadastros, garantindo que o benefício seja direcionado a quem realmente necessita. Até mesmo áreas como segurança pública e controle de gastos já incorporam a tecnologia: câmeras corporais de policiais geram um grande volume de vídeos que agora podem ser organizados e analisados automaticamente, e a Controladoria-Geral da União emprega modelos capazes de identificar indícios de irregularidades antes que se transformem em problemas concretos.
A agricultura e o meio ambiente também começam a colher frutos da aplicação dessas tecnologias.
Desenvolvimento de ferramentas também podem ser destacadas: a Embrapa desenvolveu o Rural Chat, um assistente virtual que responde a dúvidas de agricultores em tempo real e com informações técnicas adaptadas à realidade do campo. Em Campina Grande, o Laboratório Binacional Brasil–China, criado pelo Instituto Nacional do Semiárido em parceria com a Universidade Agrícola da China, pesquisa soluções de IA embarcada capazes de operar em áreas com baixa conectividade, monitorando irrigação e qualidade do solo. Na Amazônia, o Projeto Curupira, da Universidade do Estado do Amazonas, detecta sons característicos de desmatamento, como motosserras e tratores, permitindo que a fiscalização atue rapidamente. Programas como o AgroHub Brasil e iniciativas da FINEP incentivam o uso de robótica, internet das coisas e IA na agropecuária, enquanto eventos como o Ideathon da FAEP premiam soluções inovadoras, que vão desde plataformas integradas de apoio ao produtor até sistemas de aplicação inteligente de bioinseticidas e redes colaborativas que unem conhecimento tradicional e análise de dados. O próprio PBIA contempla projetos voltados à biodiversidade, como o desenvolvimento de IA para catalogar espécies vegetais da Amazônia, fortalecendo ações de conservação.
O desafio ambiental também se conecta a esforços de resiliência climática. O Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico criou duas novas linhas estratégicas: a IA Brasil, para fomentar projetos nacionais de larga escala, e a SOS Clima Brasil, voltada ao enfrentamento de desastres naturais e ao monitoramento de condições climáticas extremas. Essa abordagem amplia a capacidade do país de antecipar eventos como secas e enchentes e de agir preventivamente para minimizar impactos.
Para sustentar tudo isso são necessários investimentos em infraestrutura, com a criação de data centers energeticamente eficientes, expansão da capacidade computacional nacional, uso prioritário de energias renováveis e implantação de aceleradores de IA e redes de supercomputação. Porém, os movimentos que estavam se desenhando de grandes investimentos internacionais nessa área no Brasil estão em compasso de espera, o que gera um grande alerta, será que perderemos esse bonde?